Do grego Noûs, a noética diz respeito à intuição inteligível, i.e., à faculdade superior da alma. Este termo é particularmente importante para assinalar que o conhecimento se dá não só na consciência, mas na interação desta com os dados apreendidos do real e com o próprio intelecto ativo. Para a compreensão deste tema, é particularmente importante o encontro da perspetiva epistemológica de Platão e de Aristóteles, tema sempre recuperado na história da filosofia. Mais recentemente, tem particular interesse a abordagem ao tema feita por Zubiri, que na sua proposta filosófica procura ultrapassar o impasse surgido entre as duas perspetivas. Antes dele, importa assinalar E. Przywara, que propõe a definição de uma tensão entre a meta-noética e a meta-ôntica, de tal forma que não pode haver uma noética pura, na medida em que esta necessita que as coisas existam. Segundo Deleuze, a noética diz respeito à imagem no pensamento, i.e., à representação que determinada coisa cria/é criada no pensamento. Este tema é particularmente necessário quando se pretende investigar a experiência espiritual e os fenómenos místicos na sua correlação com a existência da realidade representada.
Bibliog.: GUTLER, G., “La noética de Zubiri y la noética de Aristóteles”, Analogía Filosófica, n.º 13, vol. 2, 1999, pp. 197-211; PRZYWARA, E., Analogia Entis, Michigan/Cambridge, Wiiliam B. E. Publishing, 2014; QUEIROZ, F. L., Dicionário de Filosofia e Ontologia, Lisboa, Edições Colibri, 2017.
Ricardo Figueiredo
