É um termo aramaico (’abb’ah) que significa “pai” e é utilizado em contexto invocativo. Escreve-se nesta língua de modo semelhante ao grego ’abbá. No tempo do Novo Testamento era utilizado no contexto infantil e carinhoso de “papá”, dirigido ao pai ou a pessoas idosas. É este o sentido que tem nas três únicas vezes que aparece: Mc 14, 36; Rm 8, 15 e Gl 4, 6, sempre dirigido a Deus como Pai. A citação de Marcos encontra-se no contexto do Getsémani, num misto de confiança e de obediência de Jesus ao Pai, perante as horas dramáticas da Paixão que se adivinham.
Nas duas citações das Cartas de Paulo, o ’abbá é precedido do verbo krazein (gritar), não no sentido de desespero, mas de confiança filial no Pai, que escuta a oração de louvor da comunidade cristã reunida. A oração do Pai-Nosso, em Mateus (6, 9-15) e Lucas (11, 2-4), tem este mesmo sentido e é neste contexto que deverá ser feita toda a oração cristã. Não apenas com o fito de pedir favores a Deus, mas sobretudo na condição de filhos seus, para louvar o amor infinito que Ele nos revelou no Filho por excelência, Jesus Cristo.
Bibliog.: BALS, Horst e SCHNEIDER, Gerhard, Diccionario Exegético del Nuevo Testamento, vol. 1, Salamanca, Ediciones Sígueme, 2005, col. 1-3; GÉRARD, André-Marie, Dictionnaire de la Bible, Paris, Robert Laffont, 1989, p. 5; KITTEL, Gerard, Theological Dictionary of the Old Testament, vol. 1, Grand Rapids-MI, WM. B. Eerdmans Publishing Company, 1993, pp. 5-6.
Herculano Alves