Parte da arquitetura monástico-conventual, também existente nas catedrais, o claustro configura-se como peça-chave em torno da qual se dispõem as restantes áreas do complexo religioso em que está inserido. O claustro-tipo é formado por quatro naves dispostas em quadrilátero que veem adossadas ao seu perímetro as paredes da igreja e das restantes divisões arquitetónicas, percebendo-se como peça de urbanismo que distribui os espaços. Com frequência, no seu pátio desenvolve-se uma área de jardim, muitas vezes em torno de um poço ou fonte mais ou menos ornamentados. Tais elementos levam a que se tenha atribuído valor poético e espiritual a esta área dos complexos religiosos, sobretudo no contexto monástico, não raramente lendo aquele espaço através do conceito de hortus conclusus. O solo das suas naves pode servir, quer em contexto monástico quer em contexto catedralício, para sepultura dos que fazem parte das comunidades que habitam o espaço religioso, e, nalguns casos, as suas naves abrem para capelas instituídas por fiéis influentes que nelas se fazem tumular. A importância simbólica desta peça da arquitetura monástica leva, inclusivamente, a que o claustro seja sinónimo de vida de clausura (vida claustral).
Bibliog.: BORGES, Nelson Correia, “Arquitectura monástica portuguesa na época moderna (notas de uma investigação)”, MUSEU, iv série, n.º 7, 1998, pp. 53-55; Id., “Valências novas para formas velhas: O claustro barroco”, in A Arte no Mundo Português nos Séculos XVI, XVII, XVIII. Actas do V Colóquio Luso-Brasileiro de História da Arte, Faro, Universidade do Algarve, 2002, pp. 359-372; CALDAS, João Vieira, “Claustro”, in PEREIRA, José Fernandes (dir.) e PEREIRA, Paulo (coord.), Dicionário da Arte Barroca em Portugal, Lisboa, Presença, 1989, pp. 121-122; DIAS, Geraldo Coelho, Os Mosteiros e a Organização dos Espaços: Arquitectura e Espiritualidade, Porto, texto inédito policopiado, 2006; GUIMARÃES, José Luís, “O claustro”, in FRANCO, José Eduardo (dir.), O Esplendor da Austeridade. Mil Anos de Empreendedorismo das Ordens e Congregações em Portugal: Arte, Cultura e Solidariedade, Lisboa, INCM, 2011, p. 543; HORN, Walter, “On the origins of the Medieval cloister”, Gesta, n.º xii, 1973, pp. 13-52; MALLET, Géraldine, “Cloître”, in BARRAL I ALTET, Xavier (dir.), Dictionaire Critique d’Iconographie Occidentale, Rennes, Presses Universitaires de Rennes, 2003, pp. 210-212; MEYVAERT, Paul, “The Medieval monastic claustrum”, Gesta, n.º xii, 1973, pp. 53-59; SEBASTIÁN, Santiago, “Iconografia del claustro barroco en Portugal, España e Iberoamerica”, in I Congresso Internacional do Barroco. Atas, vol. ii, Porto, Reitoria da Universidade do Porto, 1991, pp. 403-417; VAIRO, Giulia Rossi e MELO, Joana Ramôa (coords.), I Encontro Internacional sobre Claustros no Mundo Mediterrânico: Sécs. X-XVIII, Coimbra, Almedina, 2016.
Marco Daniel Duarte