A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z

Crente

A comprovação positiva de toda a realidade é impossível para o indivíduo, o que o leva à necessidade da crença. Toda a pessoa humana é crente, pois a crença é a forma natural de conhecimento que se fundamenta no acesso à verdade, não por via racional empírica, mas sim através do testemunho dos outros. Deste modo, a crença é um feito social, dado que evidencia uma trama relacional gerada pela confiança e que conforma um “nós” em que o indivíduo se configura como crente. Com a modernidade, passou a entender-se que a crença carecia de valor, por ser de difícil sustentação o conceito redutivo de racionalidade por ela proposto, o que levou à subvalorização do crente como indivíduo racionalmente imaturo. No entanto, o crente baseia-se em razões para levar a cabo as suas ações concretas derivadas da crença. Certamente a experiência da fé é subjetiva e pessoal, mas encontra canais de generalização através da trans-subjetividade. Quando o objeto da crença é a Verdade revelada, o crente surge como aquele que se encontra com Deus e, de certo modo, o chega a conhecer. Desta forma, através da relação entre o crente e o Ressuscitado configura-se um novo modo de vida, que inclui uma mudança ontológica pelo batismo, que permite ao crente encarnar na sociedade em que vive as mesmas atitudes de Cristo.

 

Bibliog.: AZNAR, Javier et al. (ed.), Sociología de la Experiencia Religiosa, Pamplona, Eunsa, 2017; BOUDON, Raymond, Le Just et le Vrai. Êtudes sur l’Objetivitè des Valeurs et de la Connaissance, Paris, PUF, 1995; GÓMEZ PÉREZ, Rafael, Vaya usted con Dios… Cómo Reconstruir la Creencia, Madrid, Rialp, 2011; JOÃO PAULO II, Carta Encíclica Fides et Ratio, 14.09.1998, AAS 91, 1999, pp. 5-88; RATZINGER, Joseph, Introducción al Cristianismo, Madrid, Sígueme, 1983.

 

 

Javier Ros Codoñer

 

Autor

Scroll to Top