Emotivismo é a perspetiva meta-ética segundo a qual os juízos morais não são descritivos, i.e., não referem factos, mas expressam emoções de quem os enuncia – sentimentos de aprovação ou desaprovação em relação a determinada ação ou comportamento. De acordo com esta teoria, dizer “matar inocentes é errado” ou “fizeste mal em mentir” não corresponde a descrever a realidade, nem uma propriedade objetiva ou intrínseca de “matar” ou “mentir”, nem a constatar nenhum facto; consiste sim em expressar desaprovação por essas ações, com o intuito de que os potenciais ouvintes partilhem esse desagrado. A discussão racional sobre ética fica, assim, comprometida: reduzida, na melhor das hipóteses, à partilha de sentimentos ou, na pior, a uma questão de força ou poder. Por isso, o emotivismo, primeiramente articulado por filósofos como A. J. Ayer, em Linguagem, Verdade e Lógica (1936) e C. Stevenson, em Ethics and Language (1944), foi apelidado de “Boo-Hurray Theory” por C. D. Broad, já que o enunciado “mentir é errado” seria equivalente a “Boo! Abaixo o mentir!”. Apesar da sua influência duradoura, atualmente presente em diversas versões de expressivismo moral, esta doutrina tem sido amplamente criticada por filósofos como A. Macintyre, em After Virtue (1981) e noutras obras subsequentes.
Bibliog.: AYER, Alfred Jules, Linguagem, Verdade e Lógica, trad. MIRANTE, Anabela, Lisboa, Editorial Presença, 1991 [1936]; BLACKBURN, Simon, Essays in Quasi-Realism, Oxford, Oxford University Press, 1993; BROAD, Charlie Dunbar, “Is ‘goodness’ the name of a simple non-natural quality?”, Proceedings of the Aristotelian Society, vol. 34, n.º 4, 1933, pp. 249-268; HARE, Richard Mervyn, The Language of Morals, Oxford, Clarendon Press, 1952; MACINTYRE, Alasdair, After Virtue, Richmond, Duckworth, 1981; STEVENSON, Charles Leslie, Ethics and Language, New Haven, Yale University Press, 1944.
Joana Corrêa Monteiro