O termo “flagelação” indica um castigo corporal muito comum em certas culturas e civilizações que consiste em aplicar ao corpo da vítima (masculina) um determinado número de golpes de azorrague, segundo a própria legislação. Na Bíblia também era permitida, porém, não deveria ultrapassar os 40 golpes. No entanto, os executores da referida pena, por precaução de ultrapassarem o número, contavam apenas até 39 (Dt 25, 1-3; Pr 10, 13), pelo que a Mishnah fala de 39 golpes, repartidos sobre os ombros e o peito nus. É o que refere S. Paulo, quando fala das suas tribulações por causa do evangelho: “Cinco vezes recebi dos Judeus os quarenta açoites menos um” (2Cor 11, 24). Tais castigos eram mesmo aplicados em plena sinagoga (Mt 10, 17; 23, 34; At 5, 40; 22, 19). Também as autoridades gregas aplicaram a mesma pena aos sete irmãos macabeus (2Mc 7, 1), sendo que, normalmente, o condenado a esta pena era preso a uma coluna, com as mãos atadas ou deitado no chão. Quanto aos romanos, estes usavam um azorrague de cordas nas quais colocavam bocados de osso ou mesmo de metal (flagrum), assim como finas bolas de couro ou nervos de boi. Esta pena servia para punir escravos ou soldados rebeldes, mas era também aplicada para obrigar a confessar algum crime (At 22, 24-25), servindo igualmente como início do tormento da crucifixão, como foi o caso de Jesus e da flagelação que sofreu no pretório de Pilatos (Mc 15, 15). Também Paulo sofreu uma flagelação com varas (At 16, 22; 2Cor 11, 25), antes de apelar à chamada “Lei Pórcia”, que proibia que esta pena fosse aplicada a cidadãos romanos, a menos que a vítima fosse um condenado à crucifixão.
Bibliog.: BOGAERT, Pierre-Maurice (coord.), Dictionnaire Encyclopédique de la Bible, Brépols, Centre Informatique et Bible, 1987; MCKENZIE, John L., Dicionário Bíblico, São Paulo, Ed. Paulinas, 1984; POWER, E., “Colonnes de la flagellation”, in PIROT, Louis et al. (coords.), Dictionnaire de la Bible Supplément, vol. 2, Paris, Librairie Letouzey et Ané, 1934, cols. 60-67.
Herculano Alves