Único santo (cf. Is 6, 6), Deus não só chama à santidade (cf. Lv 19, 2; Mt 5, 48), mas age no interior dos fiéis, unindo-os intimamente a si e fazendo-os participar da sua própria vida (cf. Jo 14, 23). Unidos a Cristo num só corpo (cf. 1Cor 12, 12-27), sob o impulso do Espírito Santo, e com a própria colaboração, os fiéis são tornados aptos a viverem as bem-aventuranças e a refletirem na vida o amor que os une a Deus e a toda a humanidade (cf. Mt 5, 3-8; 25, 31-40; Mc 12, 28-34). Alguns, todavia, seguindo a Cristo mais intimamente, testemunham o Reino de Deus de modo exemplar, seja derramando o próprio sangue, seja pelo exercício heroico das virtudes. Tornam-se assim, para os demais fiéis, sinais eloquentes da santidade de Deus e impulso para a vivência evangélica. Com a finalidade de fomentar a vida cristã, a Igreja propõe-os como exemplos. Para isso, estabelece um processo que visa averiguar a pureza da sua vida e das suas virtudes. Ao ser admitido o início do processo, o fiel é chamado “servo de Deus”. Segue então o exame acerca do martírio ou da vida, das virtudes, da fama de santidade e dos milagres atribuídos a ele. Eventuais escritos seus são também submetidos a análise, para verificação da integridade da doutrina e da moral, e testemunhas são ouvidas. Nesta fase de investigação, uma vez reconhecida a prática heroica das virtudes, o “servo de Deus” é declarado “venerável”. Em continuação, havendo o testemunho de algum milagre, este é investigado minuciosamente e, uma vez aceite como verídico, cabe ao Papa decretar a sua beatificação e culto público numa igreja particular. Comprovado mais um milagre do “beato”, procede-se à canonização, pela qual o fiel é proposto como exemplo à Igreja universal e recebe o título de “santo”.
Bibliog.: BAUMEISTER, T., “Hagiographie”, in KASPER, W. (dir.), Lexikon für Theologie und Kirche, vol. iv, Freiburg/Rom/Basel/Wien, Herder, 1995, cols. 1143-1147; CONGREGAÇÃO PARA A CAUSA DOS SANTOS, Instrução “Sanctorum Mater”, Roma, Editrice Vaticana, 2007; JOÃO PAULO II, Constituição apostólica “Divinus perfectionis Magister”, Roma, Editrice Vaticana, 1983.
Maria de Lourdes Correia Lima