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Heurística

Proveniente do grego εὑρίσκειν, significa originalmente “descobrir, “encontrar”, “conseguir algo”, “divisar” ou “inventar” (e.g., os meios que permitem alcançar uma coisa, sair de um problema, ou, noutro contexto, com a conotação negativa de inventar pretextos, forjar razões, urdir sofismas), “obter ou adquirir algo” (riqueza, fama, etc.); designa igualmente o encontro ou a descoberta num sentido “epistemológico”, i.e., o perceber ou conhecer algo, em particular, depois de reflexão, procura ou exame (BAILLY, 2000, 852; PASSOW, 1847, 1254).

Apesar de se tratar de um conceito complexo, multifacetado (cf. KAHNEMAN et al., 2013; EMILIANO, 2015), o termo “heurística” que se veio a desenvolver e, em especial, a ideia de método heurístico são usados num contexto epistemológico, acentuando grosso modo a capacidade que o próprio sujeito tem de, deliberada ou tacitamente, e em geral com base na experiência, inventar soluções para os problemas com que se depara, criar expedientes que lhe permitem superar obstáculos, perceber como se “desenvencilhar” de uma situação difícil. O tipo de procura e saber é, portanto, tendencialmente “prático”, sendo que o que está em causa não é tanto garantir uma solução “perfeita” para um dado problema (seja porque não se enxerga tal solução, seja porque o que se exige para a descobrir colidiria com a própria “urgência prática”), mas antes encontrar uma resposta mais ou menos “satisfatória” que seja suficiente para resolver o problema e para atingir um determinado objetivo (cf. Gigerenzer e Gaissmaier, 2011).

 

Bibliog.: BAILLY, A., Dictionnaire Grec-Français, Paris, Hachette, 2000; CHANTRAINE, P., Dictionnaire Étymologique de la Langue Grecque, vol. ii: Histoire des Mots, Paris, Éditions Klincksieck, 1970; Emiliano, Ippoliti (ed.), Heuristic Reasoning: Studies in Applied Philosophy, Epistemology and Rational Ethics, Cham, Springer, 2015; FRISK, Hjalmar, Griechisches Etymologisches Wörterbuch, vol. i, Heidelberg, Carl Winter, 1960; Gigerenzer, Gerd e Gaissmaier, Wolfgang, “Heuristic decision making”, Annual Review of Psychology, n.º 62, 2011, pp. 451-482; KAHNEMAN, Daniel et al. (ed.), Judgment under Uncertainty: Heuristics and Biases, Cambridge, Cambridge University Press, 2013; LIDDELL, H. G. et al. (ed.), A Greek-English Lexicon, Oxford, Clarendon Press, 1996; PASSOW, Franz, Handwörterbuch der Griechischen Sprache, t. i, vol. 2, Leipzig, Vogel, 1847.

 

Samuel Oliveira

Autor

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