Do grego metá, prefixo, advérbio, preposição de acusativo, de genitivo e, ocasionalmente, de dativo. Como prefixo, designa “transformação”, “mudança”, “alteração”; como advérbio, significa “no meio de”, “entre”; como preposição de genitivo, “com”; como preposição de acusativo, “depois de”. Na poesia, comparece por vezes como dativo locativo (Homero). Integra abundantes neologismos nas línguas modernas, sobretudo no domínio científico, e.g., “metábolo”, “metacromatismo”, “metafonia”, “metagénese”, onde o prefixo figura com o significado do prefixo grego, indicando mudança ou alteração. Já na palavra “metafísica”, o prefixo emerge da preposição quando rege acusativo, “depois de”. Provavelmente, tal terá ocorrido devido ao facto de aquela ter tido origem na designação atribuída por Lívio Andrónico aos livros de Aristóteles respeitantes à filosofia primeira. Consta que, ao organizar o acervo do Estagirita, assim terá nomeado os textos que se situavam a seguir aos livros da física (filosofia natural). Os significados confluíram por contiguidade semântica: “transcendente” (objeto do estudo) e “para além de” (lugar dos textos). Este prefixo deveio comum para designar áreas científicas nos domínios da teologia e humanidades, e.g., metapsíquica, metafilosofia e metateologia.
Bibliog.: BAILLY, A., Dictionnaire Grec-Français, 26.ª ed., Paris, Hachette, 1963; FREIRE, A., S.J., Gramática Grega, 8.ª ed., Braga, Publicações da Faculdade de Filosofia, 1987; MACHADO, José Pedro, Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, 5 vols., Lisboa, Livros Horizonte, 2003.
Maria da Conceição Campos
