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Perfume

O termo “perfume” vem do latim per-fumum (“pelo fumo”), como acontece noutras línguas derivadas do latim, e significa o bom odor de essências que eram queimadas, sobretudo nos banquetes de reis e das classes sociais mais ricas, para evitar os maus cheiros e, assim, criar um ambiente agradável e alegre no banquete. Deste modo, as essências para fabricar perfumes foram sempre muito procuradas, já na mais alta Antiguidade, e tornaram-se objeto de comércio em todo o antigo Médio Oriente (Gn 37, 25; Ez 27, 22; Ap 18, 13). Os Egípcios, e.g., utilizavam muitos perfumes no culto e no embalsamamento dos corpos (Gn 50, 2.2.26).

A Bíblia fala frequentemente dos perfumes, estando intimamente relacionados com o amor, pelo que têm especial relevo no Cântico dos Cânticos (Ct 1, 3; 3, 6; 4, 10; 5, 1.13; ver Sl 45, 9). O Antigo Testamento menciona umas 30 qualidades de perfume, e o Novo cita o aloés, o amomo, os aromas, o cinamomo e o incenso. Também o profeta Amós os refere, criticando o seu uso exagerado por parte dos ricos, que se esquecem dos pobres (Am 6, 6).

Podemos afirmar que, das salas de banquete, os perfumes entraram nos sacrifícios dos templos e dos lugares de culto em geral. Como é sabido, nos sacrifícios do Templo ofereciam-se apenas coisas para comer, e, neste sentido, os sacrifícios a Deus ou aos deuses eram uma espécie de refeição de deuses ou dos homens com eles. Portanto, nos sacrifícios não podiam faltar os perfumes, que, de algum modo, acompanhavam a “refeição” de Deus, representada pelo fogo, que “comia” as vítimas oferecidas no altar. Além disso, no Templo de Jerusalém havia um pequeno “altar dos perfumes”, cujo fumo simbolizava a oração do povo a subir até Deus (Nm 17, 5; 2Cr 26, 16; Sl 141, 2; Sb 18, 21; Is 6, 4; Lc 1, 9; Hb 9, 4; Ap 5, 8; 8, 3-4). Daí vem a expressão repetida, sobretudo nos sacrifícios do Levítico, “perfume de agradável odor” (Gn 8, 21; Ex 29, 18.25.41; Lv 1, 9.13.17; 2, 2.9.12; 3, 5.16, etc.). Neste sentido, os perfumes adquiriram também uma relação com o divino, bem expressa num texto sobre a sabedoria divina: “Espalhei um perfume de cinamomo e de bálsamo odorífero, e exalei um perfume suave como mirra escolhida, como o gálbano, o ónix e a mirra, e como o vapor do incenso, na Tenda” (Eclo 24, 15). Este mesmo perfume designa também o sacrifício de Cristo pela humanidade (Ef 5, 2) ou a generosidade dos cristãos (Fl 4, 18; ver Eclo 39, 14).

 

Bibliog.: COTHENET, É., “Parfums”, in Dictionnaire de la Bible – Supplément, vol. 6, Paris, Letouzay & Ané, 1957, cols. 1291-1331; LÉON-DUFOUR, Xavier, “Parfum”, in Dictionnaire du Nouveau Testament, Paris, Ed. du Seuil, 1975, pp. 409-410; “Profumo”, in Dizionario Enciclopédico della Bibbia e del Mondo Biblico, 2.ª ed., Milano, Massimo, 1994, pp. 641-642.

 

Herculano Alves

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