A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z

Philia

É normalmente traduzida por amizade, ainda que tenha um sentido mais amplo. Era concebida na Grécia antiga como um princípio de ligação social e política, e também como algo que unia os seres humanos com os deuses. Segundo Empédocles e outros pensadores, era mesmo um princípio de harmonia cósmica. A philia desempenhou um papel central nas éticas filosóficas antigas. Platão, no Lísis, apresenta e refuta quatro definições de “amigo”: o semelhante, o oposto e complementar, o “remédio” do mal e o que é próprio. Noutros diálogos de Platão, descrevem-se formas especiais de philia, como a erótica (ou romântica) e a filosófica. Aristóteles define a amizade como benevolência recíproca que não passa despercebida ao outro e que pode ser fundada na utilidade, no prazer ou na virtude. Neste último caso, correspondente à amizade perfeita, ama-se o outro como um segundo si e partilha-se com ele as mais elevadas atividades, correspondentes à virtude moral e à contemplação. Epicuro vê a amizade como algo que supera o egoísmo natural e traz alívio à dor. Os estoicos falam da amizade entre os sábios e também de uma philanthropia que abarcaria todos os seres humanos. Mas, em geral, trata-se de um fenómeno exclusivo ou parcial, o que ajuda a explicar a sua perda de protagonismo no pensamento cristão. Este último concentra-se mais na universalidade da agape ou do amor, que abrange até os inimigos.

 

Bibliog.: FRAISSE, Jean-Claude, Philia: La Notion d’Amitié dans la Philosophie Antique, Paris, Vrin, 1974; KONSTAN, David, Friendship in the Classical World, Cambridge, Cambridge University Press, 1997; PRICE, A. W., Love and Friendship in Plato and Aristotle, Oxford, Clarendon Press, 1989; STERN-GILLET, Suzanne e GURTLER, SJ Gary M. (dirs.), Ancient and Medieval Concepts of Friendship, Albany-NY, State University of New York Press, 2014.

 

Helder Telo

Autor

Scroll to Top