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Rabi

A etimologia deste termo (rab, “grande”, “senhor”) deu, em hebraico, rabbî, “meu senhor”, e, em aramaico, rabbounî, “meu mestre”. No tempo de Jesus, este nome era atribuído aos mestres ou doutores da Lei (Torá). Em termos gerais, qualquer homem que ensinasse a Bíblia e tudo o que tem a ver com a Palavra de Deus era chamado rabbî (“mestre”), razão pela qual o próprio Jesus foi frequentemente apelidado de rabbî e também os discípulos de João Batista lhe chamaram mestre (apenas em Jo 3, 2).

Os antigos “escribas”, que passaram a chamar-se “doutores da Lei”, “exigiam” ser tratados por rabbis. Jesus aproveitou o ensejo para condenar tal exigência: “Gostam das saudações nas praças públicas e de serem chamados ‘mestres’ pelos homens.  Quanto a vós, não vos deixeis tratar por ‘mestres’, pois um só é o vosso Mestre, e vós sois todos irmãos.  E, na terra, a ninguém chameis ‘Pai’, porque um só é o vosso ‘Pai’: aquele que está no Céu. Nem permitais que vos tratem por ‘doutores’, porque um só é o vosso ‘Doutor’: Cristo. O maior de entre vós será o vosso servo” (Mt 23, 7-9).

O termo “rabi” surge com certa frequência nos evangelhos – e apenas aí –, quase sempre referindo-se a Cristo (exceto em Jo 3, 2): Mt 23, 7-8; 26, 49; Mc 9, 5; 10, 51; 11, 21; 14, 14; Jo 1, 38.49; 3, 2.26; 4, 31; 6, 25; 9, 2; 11, 8. Portanto, João é o que mais utiliza este termo, enquanto Lucas nem sequer o menciona.

            Além do referido título para os mestres da Lei, havia também o de rabbuni, que dava ainda mais ênfase ao significado de rabbî (Mc 10, 51, pelo cego de nascença, e Jo 20, 16, por Maria Madalena). Outras vezes, em lugar de rabbî, surge no Novo Testamento didáskale (“mestre”: Mt 8, 19; 12, 38; Jo 1, 38, etc.) ou mesmo ’epístata (Lc 5, 5; 8, 24.45; 9, 33, etc.), com o mesmo significado. A partir do tempo do Novo Testamento, conservou-se o termo “rabbî” (“rabino”), sem necessidade de o traduzir.

A partir do séc. i d.C., o termo adquiriu o sentido de alguém que é autoridade no estudo da Sagrada Escritura e das leis religiosas judaicas, passando a ser, até hoje, o dirigente das sinagogas das comunidades judaicas em todo o mundo. A preparação académica para ser rabino é feita nas yechivah/yechivot, e, em Israel, existe o Grande Rabinato, que decide sobre todos os assuntos que dizem respeito às leis religiosas do país. Os rabinos da diáspora têm a sua independência em tais decisões. Desde o séc. xix, existem também os seminários rabínicos, que oferecem uma formação mais ampla, de acordo com as circunstâncias das sociedades modernas.

 

Bibliog.: LOHSE, Eduard, “Rabbî, Rabbounî”, in KITTEL, Gerhard e FRIEDRICH, Gerhard (eds.), Theological Dictionary of the New Testament, vol. 6, Grand Rapids, WM. B. Eerdmans Publishing Company, 1993, pp. 961-965; “Rabbî”, in Dictionnaire Encyclopédique de la Bible, Turnhout, Brépols, 1987, p. 1089; “Rabbî, Grand Rabbinat, Séminaires rabbiniques”, in Dictionnaire Encyclopédique du Judaïsme, Paris, Cerf, 1993, pp. 943-948.

 

Herculano Alves

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