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Sociedade

O termo societas surgiu em Roma, com o sentido de agrupamento voluntário de sujeitos individuais e coletivos. Na escolástica medieval, “sociedade” indicava uma totalidade orgânica de elementos com funções orientadas para o bem comum. A modernidade difundiu a ideia de uma suposta pré-existência dos indivíduos isolados em condições de bondade natural, que decidem associar-se num grupo social após um contrato; deste modo, formou-se uma esfera específica de indivíduos e grupos que vivem das suas próprias relações, à margem do Estado e da Igreja, a denominada sociedade civil. A esta conceção contratualista contrapõe-se a conceção realista segundo a qual se entende que o indivíduo isolado nunca existiu e que a família é a primeira sociedade; o ser humano é social porque, antes disso, é sempre familiar, tanto experiencial como historicamente.

Contemporaneamente, a sociedade tem sido entendida de acordo com dois paradigmas, como estrutura (marxismo, funcionalismo…) e como grupo de indivíduos (interacionismo simbólico, individualismo metodológico…), prevalecendo, na primeira, elementos deterministas e coletivistas, enquanto na segunda predominam elementos subjetivistas e individualistas. No entanto, a sociedade é um sistema de relações que emerge a partir das estruturas pré-existentes, das ações dos sujeitos sociais (individuais ou coletivos) e dos resultados das interações dos elementos acima mencionados (processos morfogenéticos), dando origem a novas realidades sociais. Juntamente a estes três elementos, conformam igualmente a sociedade os mecanismos e processos para a sua reprodução, os elementos coercivos, a estratificação e as relações com o meio ambiente.

Na sociedade, entendida como realidade relacional, a estrutura (formas sociais institucionalizadas) é o suporte sobre o qual se desenrolam as ações de diversos grupos sociais e indivíduos, de tal forma que o estrutural condiciona a ação individual, quer limitando-a quer potenciando-a. Desta maneira, a ação individual está sempre condicionada, mas, em última instância, é capaz de manter sempre determinadas quotas de liberdade em relação ao grupo.

 

Bibliog.: ARCHER, Margaret, Teoría Social Realista: El Enfoque Morfogenético, Santiago de Chile, Ediciones Universidad Alberto Hurtado, 2009; ATHIÉ, Rosario e ROS, Javier, Subsidiariedad. Familia, Comunidad y Sociedad Política, Ciudad de México, Tirant, 2019; DONATI, Pierpaolo, Teoria Relazionale della Società, Milano, Franco Angeli, 1991; Id., Lezioni di Sociologia. Le Categorie Fondamentali per la Comprensione della Società, Padova, Cedam, 1998; HERRERA, Manuel, “La relación social como categoría de las ciencias sociales”, Revista Española de Investigaciones Sociológicas, n.º 90, 2000, pp. 37-77; PÉREZ ADÁN, José, Sociología. Comprender la Humanidad en el Siglo XXI, Madrid, Eiunsa, 2006; ROS, Javier, “Familia y sociedad”, in ROS, Javier (dir.), La Familia. 150 Preguntas y Respuestas. Valencia, Universidad Católica de Valencia “San Vicente Mártir”, 2009; TERENZI, Paolo, “Relación social y realismo crítico”, Revista Española de Sociología, n.º 10, 2008, pp. 39-52.

Javier Ros Codoñer

 

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