O termo “tabu” provém da língua polinésia e foi introduzido, pelo capitão Cook, em 1777. Assim se chamam as interdições rituais, muito particularmente a proibição do incesto. Regra universal na passagem simbólica da natureza para a cultura, é reminiscência, o tabu, da supressão e assassinato do pai da horda primitiva. Tem essa regra um duplo aspeto: por um lado, é sagrada, por outro é interdita; é a mesma ambivalência que Freud encontra na neurose compulsiva. Se a ontogénese, desta sorte, se repete e reflete na fundante filogénese, o assassinato do rei, do líder ou do pai deixa, no filho do Homem, uma forma de exorcismo, sendo esse exorcismo a religião, em concreto a religião monoteísta. À guisa de escólio, o banquete totémico e a eucaristia têm um traço em comum: a reconciliação com a imagem do pai.
Bibliog.: DIAS, Carlos Amaral, Falas Públicas do Inconsciente, Coimbra, Quarteto Editora, 2000; DOLT, Françoise, Psicanálise e Pediatria, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1977; DURAND, Gilbert, Mito, Símbolo e Mitodologia, Lisboa, Editorial Presença, 1982; FOUCAULT, Michel, As Palavras e as Coisas: Uma Arqueologia das Ciências Humanas, introd. Eduardo Lourenço e Vergílio Ferreira, Lisboa, Edições 70, 2000.
Maria da Conceição Valdez Telles de Menezes
Paulo Jorge Brito e Abreu