Trauma psicológico é algo que sobrecarrega o indivíduo de uma perspetiva emocional e cognitiva, afetando a sua capacidade de funcionar, lidar com as situações da vida e comunicar. Um trauma resulta de um acontecimento que é vivido pela pessoa como muito ameaçador, sentindo esta que a sua vida está em risco e, assim, provocando medo intenso. Os acontecimentos traumáticos são muitas vezes violentos e inesperados, como uma morte súbita, eventos de guerra, acidentes ou agressões sexuais. São acontecimentos para os quais a pessoa não está preparada, nem tem como evitar que a experiência traumática ocorra.
Um acontecimento pode ser traumático para uma pessoa e não o ser para outra. É a experiência subjetiva do acontecimento que determina se será traumática, e esta experiência depende da sua história de vida, do significado que o acontecimento tem e de outros fatores pessoais. A resposta mais comum a um acontecimento potencialmente traumático é a resiliência e, nestes casos, os sintomas podem ser temporários. Para determinadas pessoas, a reação traumática pode ser duradoura, tendo consequências na sua saúde mental, como a Perturbação de Stress Pós-Traumático ou uma Perturbação de Ansiedade.
Uma situação de trauma pode ter efeito em pessoas que não estiveram diretamente expostas a ela. Este fenómeno designa-se de “trauma transgeracional” e tem sido estudado na descendência de famílias expostas a situações traumáticas, como os campos de concentração, genocídios ou grande repressão cultural. Os descendentes das pessoas expostas ao trauma apresentam maior número de sintomas psicopatológicos e de comportamentos sociais desadaptativos do que o resto da população.
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Filipa Ribeiro