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Tristeza

Do latim tristitia (estado de desânimo), a tristeza é uma das emoções humanas básicas e é uma resposta natural a situações que envolvem dor psicológica, emocional e ou física. O aparecimento da tristeza está dependente de três aspetos principais: a situação, a avaliação e a atribuição. Situações específicas e, em particular, a avaliação que delas é feita, evocam tipos específicos de experiências emocionais. Assim acontece na tristeza… quando alguém percebe uma situação como uma perda, fica triste. Outro determinante de tristeza é a atribuição, ou seja, a quem é imputada a responsabilidade pelo evento desencadeador de tristeza (o próprio, o outro, ou o destino).

As situações precipitantes mais comuns na tristeza são problemas nos relacionamentos interpessoais, questões relacionadas com a saúde e o não atingir objetivos valorizados pelo indivíduo.

Como qualquer outra emoção, a tristeza verifica-se a nível fisiológico e comportamental. Fisiologicamente, as manifestações são visíveis a nível da atividade cerebral (com a ativação de cerca de 70 estruturas cerebrais) e das reações do sistema nervoso periférico (por exemplo, o desaceleramento dos batimentos cardíacos, baixa da temperatura corporal, respiração lenta e profunda, nó na garganta). Os indícios comportamentais mais característicos são o choro e os soluços. Quando alguém está triste, mostra muitos comportamentos não-verbais, o que pode estar relacionado com o nível relativamente baixo de capacidade de controle desta emoção, e, inversamente, apresenta poucos comportamentos verbais, sendo a tristeza uma das emoções mais silenciosas. As pessoas tristes amiúde querem ficar sozinhas, dormem mais e apresentam comportamentos de ruminação cognitiva. A expressão facial também se encontra alterada: o rosto fica pálido, os músculos flácidos, as pálpebras descaídas, a cabeça tende a pender sobre o tórax, e o conjunto dos lábios, bochechas e mandíbula apresentam-se para baixo.

A tristeza pode ter várias consequências com efeitos a curto e longo prazo. Cognitivamente, produz-se uma tendência para julgamentos negativos na perceção social e, no plano comportamental, os maiores riscos são o isolamento social e o abuso de substâncias.

O envolvimento espiritual (importância dada às crenças, grau de comprometimento e quantidade de tempo gasto em atividades espirituais) tem vindo a ser reportado como um fator protetor na recuperação da tristeza, mesmo quando se encontra em níveis mais elevados, sob a forma de depressão.

 

Bibliog.: Barr-Zisowitz, C., “Sadness”: Is There Such a Thing?, in LEWIS, M. e HAVILAND-JONES, J. M. (ed.), Handbook of Emotions, New York, The Guilford Press, 2000, pp. 607-622; EKMAN, P., “Basic Emotions”, in DALGLEISH, T. e POWER, M. J. (ed.), Handbook of Cognition and Emotion, New York, John Wiley & Sons, 1999, pp. 45-57; FREED, P. J. e MANN, J. J., “Sadness and Loss: Toward a Neurobiopsychosocial Model”, American Journal of Psychiatry, n.º 164, 2007, pp. 28-34; KOENIG, H., Handbook of Religion and Health, New York, Oxford University Press, 2012; RUCKER, D. D. e PETTY, R. E., “Emotion Specificity and Consumer Behavior: Anger, Sadness, and Preference for Activity”, Motivation and Emotion, n.º 28, 2004, pp. 3-21; STEARNS, C. Z., “Sadness”, in LEWIS, M. e HAVILAND-JONES (ed.), Handbook of Emotions, New York, The Guilford Press, 1993, pp. 547-562; WANG, L. et al., “Mood Alters Amygdala Activation to Sad Distractors During an Attentional Task”, Biological Psychiatry, n.º 60, 2006, pp. 1149-1146.

 

Carla Tomás

 

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